Evento que acontecerá entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro, no recôncavo da Bahia, oferecerá workshop de harmonização entre cachaça e charuto
Gabriela Nascimento
Fabricada a partir da cana de açúcar do sul da Bahia, a cachaça Rio do Engenho será uma das parceiras do Festival Origens. Criada em 2005, em Ilhéus, a empresa cuida de toda produção, que vai do cultivo da cana, até o envasamento do produto acabado. Diferente da cachaça industrial, a Rio do Engenho é produzida em alambiques de cobre, livre de aditivos químicos, açúcar ou corantes.
Luiz Fernando Galletti é fundador da marca e o químico responsável pela produção das cachaças. Fernando fala do entusiasmo em participar pela primeira vez de um evento que reunirá produtos de origem baiana. “Já estivemos em diversas feiras, mas o Festival Origens será uma oportunidade não só para divulgar nosso produto, mas também para apresentar as possíveis harmonizações que ele pode oferecer com o charuto, por exemplo”, comemora.
Fernando ressalta que a cachaça muitas vezes é considerada uma mercadoria de baixa qualidade no Brasil. “É um produto que vem de origem humilde, mas evoluiu e está ganhando espaço. O festival é uma chance de mostrar que o nosso produto tem alta qualidade e que pode ser bem harmonizado. Vamos levar o que temos de melhor e a expectativa é ver a satisfação dos participantes”, afirma.
A empresa está localizada nas proximidades do povoado Rio do Engenho, em Ilhéus, região que foi sede do primeiro engenho de cana de açúcar do Brasil. A marca produz em média 30 mil litros de cachaça por ano e acumula premiações nacionais e internacionais. A maior parte da comercialização está concentrada na Bahia, mas a marca também tem consumidores nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Sergipe.
Fernando explica que aspectos como colheita, fermentação, destilação e armazenamento, diferenciam a produção da cachaça industrial da cachaça de alambique. “Não produzimos em larga escala, porque nos preocupamos mais com qualidade do que quantidade. Isso não quer dizer que a cachaça industrial é mal feita, mas sua fabricação atende outros padrões e mercados”, pontua.
O fundador da empresa acrescenta que, diferente das máquinas, na colheita manual é possível eliminar tudo que não é bom para a cachaça, como sujeira e partes da cana que prejudicam o sabor final do produto. “Utilizamos também a fermentação natural, em que a cachaça descansa entre 20 a 24 horas para que ocorra a transformação de açúcar em álcool. Na industria, esse processo é acelerado com produtos químicos”, explica Fernando.
Outro diferencial para a cachaça de alambique é a destilação dividida em três etapas: cabeça, coração e cauda. Com isso, é possível retirar o que é chamado de cabeça e cauda (o início e o final da destilação), que guardam elementos que não favorecem o aroma e sabor do produto. Assim, é utilizada apenas a etapa intermediária, chamada de coração, em que se concentram as melhores propriedades da cachaça.
Antes de serem engarrafadas, as cachaças Rio do Engenho são armazenadas em barris de madeira, por período que varia de um a três anos. Esse processo é essencial também para apurar características sensoriais do produto. Fernando conta que a cachaça mais vendida pela empresa é chamada de “Reserva”, que é envelhecida por três anos em quatro tipos de madeira. “Essa cachaça passa por tonéis feitos com madeira de bálsamo, umburana, itaúba e louro-canela. Por ser bem suave e aromática, é muito procurada também por mulheres”, salienta.
O festival é uma realização do Sinditabaco em parceria com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Sebrae, Prefeitura Municipal de Cachoeira, Prefeitura Municipal de São Félix, Café Latitude 13º, Chor Chocolate e Cachaça Rio do Engenho